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Fátima's Bistrot

Petiscos diários ou menos diários, dependendo da disponibilidade de um ser humano comum...

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Petiscos diários ou menos diários, dependendo da disponibilidade de um ser humano comum...

Sab | 21.03.20

O que torna belo o deserto é que existe um poço em algum lugar...

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O sábado está a terminar, passou lento e suave como um sábado de férias, sem stress, sem barulho, suave como uma brisa, e por algumas horas o tempo parou e tudo parecia tão normal, como um oásis no deserto...

Mas ao chegar a noite acordei de novo e percebi que afinal o que eu pensei ser um sonho é a realidade. Vi-me de novo no deserto, uma sensação desagradável e temerosa mas, comigo há sempre muitos mas, com esperança de que tudo vai passar.

O  que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar... (O Principezinho - Antoine de Saint-Exupery)

Lá à frente no fundo do deserto vamos encontrar o poço que nos matará esta sede provocada pelo medo, esta ansiedade desmedida. O poço é a normalidade que tanto procuramos.

Esta tão ansiada normalidade terá pouco de normal, nada será como antes para nós, não voltaremos mais ao ponto onde estávamos. Por um lado é melhor, desde que isso evite uma nova travessia do deserto.

A pandemia atual vai provocar em nós um instinto de sobrevivência mais aguçado, vamos começar a pensar a longo prazo, precavendo o retorno deste ou outro medo, tornando-nos resistentes às tempestades de areia. Alguns ficarão mais frios e calculistas, outros mais temerosos e pessimistas... Mas nenhum de nós será o mesmo. 

Contudo e apesar de tudo, o que devemos fazer é sonhar com o dia em que poderemos finalmente voltar a fazer planos. Não podemos temer o deserto, temos de continuar a caminhar, rumo ao poço, rumo ao futuro, seguindo a rota da esperança, guiados pela luz do sol e pelas estrelas.

A travessia tem também alguma beleza, apesar da distância aproximam-se pessoas, criam-se afinidades, ganha-se empatia e sobretudo sentem-se saudades...

Amanhã estaremos um dia mais próximos do poço... 

Sex | 20.03.20

Chegou a Primavera...

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Chegou a Primavera, farrusca e molhada, lembrando mais um dia de Outono...

Mas um dia de chuva pode ser um dia tao bom como um dia de sol e este até foi. Acordei viva e a mexer, com o juizinho todo e pensamentos ordenados, sem mau humor nem desânimo, por isso sejamos sinceros foi um dia excelente.

Vou aproveitar o fim de semana para pôr alguma escrita em ordem, tenho um trabalho para acabar, outro para rever, dados para introduzir, cumprirei assim a minha pequena parte do "Fiquem em Casa" e tentarei fazer de conta que nada se passa lá fora quando ouvir os passarinhos...

Se calhar devíamos todos fazer de conta que nada se passa, podíamos estar em casa e pensar que temos umas férias de Natal antecipadas, quiçá enfeitar a árvore e colocar umas luzinhas. Como uma amiga minha hoje disse e bem, afinal Natal é sempre que um Homem queira...

Mas os tempos são diferentes, estamos sim na Quaresma e devemos sim meditar no seu significado... É curioso que tudo esteja a contecer neste tempo, um tempo de reflexão profunda. Por isso em vez de enfeitar a árvore vou dedicar algum tempo a refletir sobre mim, sobre as trivialidades que ainda me apoquentam e a forma de me desligar delas... Deve dar para um fim de semana  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qui | 19.03.20

O burro do meu avô...

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Hoje vivemos as primeiras 24 horas do Estado de Emergência e estivemos espectantes quanto às medidas que iriam ser adotadas... 

Apesar disso, nas últimas 24 horas tudo se manteve mais ou menos igual, apercebi-me que há quem não respeite os outros e, mais grave ainda, não se respeita a si próprio pois não entende que há medidas que são também para a sua própria proteção...

Pensei em não escrever nada hoje mas ficou-me um pensamento a latejar na cabeça... Estamos perdidos se estas pessoas continuarem a agir como se nada se estivesse a passar...

Há quem não esteja a ajudar a cumprir o que nos é pedido, não entendem... Não entender que a realidade que estamos a viver é muito grave, mortal, desgastante e duradoura é para mim um sinal de ignorância. No tempo dos meus avós seria por causa da falta de informação, mas hoje, não é desculpável... Hoje toda a gente tem acesso a uma quantidade enorme de informação, seja na televisão, nas redes sociais, jornais, enfim, somos buzinados a toda a hora... Mas há os que insistem em não ver nem ouvir e com uma arrogância ignorante de quem não se respeita a si próprio e aos outros põem em perigo todos à sua volta... 

O meu avô costumava dizer que tinha um burro que era muito entendido, eu hoje digo que entendi que ainda há muitos burros... e burras...